10 novembro 2008

Ana e Sofia

Memória de um momento breve num passado recente.
Bem perto, sentadas de olhos nos olhos, a conversar sobre não importa o quê. A intensidade dos olhares trocados e dos intermitentes toques (eu diria carícias) arrebataram-me os sentidos e durante alguns minutos fiquei retido nesta desconhecida imagem. Quem eram e o que as relacionava não sei, nunca o saberei. Certa foi a agradabilidade para os meus sentidos e imaginação. Não consegui perceber uma palavra do que diziam, mas também não importava. O exercício passou, obrigatoriamente, por lhes dar um nome, pois tinham que ter um e próprio. Durante esse curto espaço de tempo, nada mais aconteceu ou importou. Toda a existência se reduziu aquela mesa e sem resistir deixei-me ficar absorto, apenas com a ligeira preocupação de não ser percebido (concerteza perceberam-me…). Nunca como ali um guardanapeiro foi alvo de tamanha sensualidade e carinho. O tempo que demorou aquele momento desconheço, pois a determinada altura, mesmo sentindo que poderia ficar assim eternamente, num lúcido sobressalto forcei a minha saída.
Esta narrativa resultou da perturbação que Ana e Sofia e a beleza e força da sua intimidade causaram em mim.

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