22 abril 2009

clara como a água...

É lugar comum falar-se no clientelismo, no compadrio e no caciquismo que enferma as instituições nacionais, nomeadamente as autarquias e demais organismos de dimensão local ou regional. Hoje, ao "desfolhar" os médias regionais transmontanos online, encontrei a prova desse mundo que existe e é bem real, só que nada nem ninguém o consegue destruir ou combater. Como poderão ler nesse texto, os personagens agem impunemente e, ainda por cima, têm a distinta lata de publicamente afirmar que tudo é "transparente", ou seja, o roubo e a trafulhice fazem-ze descontraidamente e sem reservas. Já para mim, trata-se de um caso que de tão caricato roça a pornografia e é, sem qualquer dúvida, um caso de polícia. Vou transcrever a notícia para aqui e sublinhar (a azul) as pérolas...

PSD de Vinhais contra Provedor da Santa Casa
O PSD de Vinhais não está satisfeito com a gestão da Santa Casa da Misericórdia da vila e ameaça mesmo recorrer aos tribunais.
São seis as alegadas irregularidades da Santa Casa da Misericórdia de Vinhais que a concelhia do PSD aponta, num comunicado divulgado ontem.
Carlos Costa, o líder da concelhia laranja em Vinhais, diz mesmo que irá ser apresentada uma “queixa ao ministério público de Vinhais”, que será também enviada ao “secretário de Estado da Segurança Social, que tutela a Misericórdia”.
Carlos Costa aponta “vários factos”, que o PSD “considera ilegalidades. “Há perto de duas décadas que o actual provedor é o mesmo. Eles não aceitam a entrada de novos irmãos. Eu próprio já tentei tornar-me irmão, pagando a tal jóia de 500 euros, aumentada já por eles próprios para evitar que outras pessoas entrassem e lhe retirassem a gestão da Misericórdia”, acusa o presidente da Concelhia do PSD. Mas as críticas de Carlos Costa não se ficam por aqui. “Outra das irregularidades – e no nosso entender uma grande ilegalidade – é o facto de serem os próprios elementos da direcção a fornecer a Santa Casa. Há muitos anos que é assim e nunca ninguém teve a coragem de o denunciar mas entendemos que isto não é correcto”, acrescenta o líder do PSD no concelho.
No mesmo comunicado, a Concelhia do PSD de Vinhais critica ainda aquilo que diz ser “o reduzido número de irmãos” da instituição, a “falta de transparência nos concursos e negócios da Santa Casa e a alegada “desmotivação por parte dos recursos humanos da instituição”. Críticas desvalorizadas e rebatidas por António Alberto, provedor da Santa Casa de Vinhais e, curiosamente, também ele do PSD.
A Misericórdia só está aberta há 18 anos e eu só estou aqui há 14. Não é proibido, desde que os irmãos, em Assembleia Geral, votem em favor disso”, explica, confirmando que membros da Mesa da Assembleia fornecem a Santa Casa, mas “por coincidência”. “São os únicos armazéns de mercearia que há em Vinhais. Não vamos deixar que venham de Mirandela, Bragança ou Chaves fornecer a Misericórdia, se há aqui um armazém que pode fazer isso. As facturas são transparentes”, defende António Alberto.
Sobre a tentativa de se fazer membro da instituição, António Alberto revela uma conversa tida com o presidente da concelhia de Vinhais, na segunda-feira seguinte à Páscoa, onde lhe terá explicado o procedimento. “É inscrever-se, tem de pagar uma jóia e depois será ou não aprovado em direcção. Veio cá na terça-feira, falou com um funcionário que lhe explicou isso mas não se inscreveu”, garante o Provedor.
O presidente da Concelhia de Vinhais do PSD lança ainda um ataque a Américo Pereira, presidente da Câmara, a quem acusa de andar a “oferecer os empregos que serão criados com a Unidade de Cuidados Continuados”, a ser implantada brevemente no concelho.
Em resposta, Américo Pereira confirma parte dessa acusação. “De facto, a Câmara promete que vão ser criados na UCC em Vinhais uma série de empregos, mas nada mais do que isso. E temos muito orgulho em termos conseguido para a vila uma UCC que, para além de satisfazer as necessidades das pessoas, vai criar uma série de postos de trabalho”, explica Américo Pereira, que lamenta, considerando mesmo “um escândalo e uma vergonha”, que Carlos Costa se tenha dirigido “ao Provedor, e tentar negociar com ele determinado número de empregos, querendo uma cota para determinado partido político”.
Já António Alberto diz que estas acusações resultam de algumas dificuldades do PSD em conseguir preencher as listas nalgumas freguesias.

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