03 junho 2009

instantes urbanos V

Pouco passava das nove horas da manhã quando entro no café para a dose matinal de cafeína obrigatória. Não mais de três ou quatro pessoas para além da funcionária atrás do balcão. Enquanto aguardo a minha dose, ouço animada conversa entre algumas das pessoas presentes, sobre o trágico acidente aéreo da passada segunda-feira no Brasil. Num tom bem português, macabro voyeurista, fazem-se comentários piedéticos em género de rescaldo final de acontecimento:
- Coitados. O que vale é que nem sentiram nada. Foi tudo tão rápido... até dizem que o avião se partiu em dois...
- Já viram, Deus me livre e guarde!.. assim no meio do mar, sem poderem ser ajudados. Deus queira que tenham morrido logo.
- Pois foi, no meio do mar a não sei quantos quilómetros. O avião caiu logo, nem deu tempo de avisar ninguém... as pessoas devem ter morrido na descida... mas também se não morreram disso, morreram logo afogadas!...
- Ai minha santinha!.. Já viram cair assim no meio do oceano Atlântico... ou foi no Pacífico!?...
- Óh senhora!... foi no Pacífico!

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