20 setembro 2012

"ter-ter"

Numa (re)leitura rápida de um livro de Paula Godinho chamado "O Leito e as Margens" encontrei isto:
«A destreza do corpo e da mente, detectável pela capacidade de articular movimentos e palavras, constitui um requisito indispensável no processo de socialização, para a incorporação de um indivíduo no seu grupo doméstico e na aldeia. Enquanto não gatinham nem andam, a "rasa" (medida de alqueire) do centeio, basta para, sossegadamente, assistirem aos movimentos da mãe, enquanto ela se encontra adstrita à casa. O "tenedor", espécie de gaiola em que a criança fica suspensa, podendo ensaiar os primeiros passos, é uma construção em madeira, normalmente, feita pelos pais, que facilita a aprendizagem de movimentos. "Ter-ter" é a expressão que se repete quando a criança já adquiriu a postura de pé, mas hesita ainda nos passos a dar.»
O Tenedor nunca utilizei, nem construí para as minhas crianças, mas de facto, utilizei, e utilizo, a expressão "ter-ter" quando na eminência de começarem a caminhar. "Ter-ter" é conseguir equilibrar-se e não cair. Reminiscência inconsciente de um sentimento de pertença a um determinado grupo?!...

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