Chego a Bragança com o único propósito de negociar com um livreiro a venda do meu último livro. Telefono a dois amigos para um café enquanto a hora desse encontro não chega. Um e outro estão muito ocupados e não podem vir ter comigo, portanto, sento-me num café, bem no centro da cidade, onde bebo uma água bem fresca e me entretenho com a caixa de email e alguns rascunhos. Trata-se de um café com frequência regular de turistas que visitam o centro cívico e histórico de Bragança. No momento em que entro está praticamente vazio.
Passados alguns minutos, levanto o olhar e percebo que, na mesa em frente, está um casal com duas filhas, todos eles entretidos a saborear um gelado. A mãe está de frente para mim e quando cruzo o olhar com ela, instinto meu, baixo os olhos e abstraio-me novamente nos meus papeis. Passados outros tantos minutos, volto a levantar a cabeça e dou com essa mulher a olhar-me. Instintivamente baixo a cabeça, mas já não consigo ignorar o facto. Ela está fixada em mim e isso incomoda-me. Fosse eu outro e sei que existiria outra reacção, mas esta mulher está a invadir-me e eu não gosto. A solução é simples, ou sai ela ou saírei eu em breve. Saiu ela, não sem arrastar o olhar enquanto passa e abandona o estabelecimento.
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