(fotografia roubada da internet)
Muitas vezes, enquanto criança e jovem, participei nessa actividade agrícola, normalmente um trabalho colectivo para a família, vizinhos, amigos e compadres, num esquema de torna-jeira, ajudando a apanhar da terra as batatas arrancadas a golpes de guinchas (na fotografia, utensílio visível nas mãos dos homens). Num claro exemplo daquilo que era, e ainda é, a clássica divisão do trabalho por género, aos homens competia-lhes percorrer os sulcos, alinhados e transversalmente (como também se vê na fotografia), e trazer para a superfície todos os batateiros que ficavam expostos e disponíveis para serem colhidas todas as suas batatas, numa tarefa destinada às mulheres e crianças que, logo atrás dos homens, as recolhiam num balde ou cesto e depois, quando estes cheios, vertiam-nas para sacas que iam ficando espalhadas pelo terreno. Para além da força e resistência necessárias para trabalhar com as guinchas, importava também não estragar as batatas, ou seja, escolher bem o sítio onde se golpeava a terra para não acertar em nenhuma - na terminologia local, para não enrilhar as batatas.
Pois bem, só hoje e já homem já mais do que adulto, é que tive o privilégio de usar umas guinchas e, por incrível que possa ter sido, não enrilhei nem uma batata. Alguém deveria ter registado esse longo momento, mas infelizmente tal não aconteceu.
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