03 julho 2019

o fim da história?

Quis comprar o último livro de Francis Fukuyama, Identidades, publicado em Portugal no final de 2018. Sabia que o autor, neste seu novo trabalho, se dedica às questões de identidade enquanto fundamento e origem de tudo o que vai acontecendo na política mundial actual. Só que Fukuyama, tem toda uma vida e obra dedicada ao estudo da história da humanidade ao longo dos séculos, nomeadamente dos enormes contrastes entre as diferentes tipologias de organizações políticas e soberanias. Ele é o autor do famoso livro, já um clássico, O Fim da História e o Último Homem, escrito e publicado no final da década de 80 do século XX, período especialmente conturbado na geo-política mundial, nos sistemas políticos e na reorganização dos paradigmas dominantes nas diferentes geografias do planeta. Não me pareceu producente ler Identidades antes de conhecer O Fim da História e o Último Homem e por isso, comprei os dois livros e comecei de imediato a ler este último.  Aqui o autor parte de um conjunto de questões, também partilhada por vários filósofos do passado: a história da humanidade segue uma direcção?... se sim, qual será o seu fim?... e em que ponto nos encontramos em relação ao "fim da história"?
Procurando dar respostas a estas questões, são apresentados elementos que indicam a presença de duas forças imensas na história humana: a lógica da ciência moderna, que tem na sua génese o processo económico racional; e a luta pelo reconhecimento, que é entendido por Fukuyama, mas também por Hegel, como o próprio catalisador da história. Estas duas forças conduziram, ao longo do tempo, ao colapso de ditaduras de direita e de esquerda, impelindo as sociedades, mesmo culturalmente distintas, para a democracia capitalista liberal, entendida como estádio final do processo histórico.
Excelente reflexão sobre a questão suprema do sentido e do destino das sociedades humanas e do próprio Homem. Curiosidade: ler este livro passados cerca de trinta anos depois de ter sido escrito, permite-nos perceber onde o autor acertou e onde falhou, nas suas análises prospectivas sobre o que seria o futuro. Futuro, agora presente. Em breve, lerei então e com atenção o Identidades.

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