04 abril 2008

Estranhezas

Viajo para Lisboa de comboio logo bem de manhã. Chego à estação do Oriente às 8.30 am, o que me permite chegar a horas e com calma ao meu destino. Colóquio Inaugural da Associação Portuguesa para o Estudo das Religiões (APERLG) que acontece hoje e amanhã no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. A manhã passou-se deambulando de sala em sala consoante os assuntos abordados me interessavam ou não. O almoço estava combinado com o cunhado, que entretanto já me trouxera da estação até ao ISCTE. Às 13 horas recebo via SMS: "Vou almoçar com o contabilista."
Com o calhau do portátil mais livros e dossiers às costas lá saio à procura de um tasco para comer alguma coisa. O ICS fica perto de Entrecampos (não que interesse muito), mas é uma zona de Lisboa bastante movimentada e com muitos serviços e empresas. Mesmo antes de entrar no restaurante self-service procuro um quiosque para comprar o Público. Quando me aproximo da rotunda principal, apercebo-me que de cada lado da rotunda há um quiosque. Ao primeiro que vou, o mais próximo, não tem jornais... só Ginas, livros usados e consporcados... atravesso a avenida em direcção ao segundo quiosque, que fica mesmo em e de frente para a porta do Pingo Doce Supermercado. Reparei logo que tinha o jornal pretendido. A Senhora (reparem que a trato dignamente) que estava dentro do quiosque a atender, nem sequer me dirigiu o olhar. Estranhando tal atitude, pedi o jornal Público e, acto contínuo estico-lhe uma nota de 10 euros, que no momento era a unidade monetária mais pequena que possuía. Para conseguirem visualizar o que se passou de seguida, será necessário terem em mente a arquitectura dos quiosques de Lisboa (pelo menos grande parte deles) que são bem diferentes dos que temos no País. O vendedor está dentro e entre ele e os clientes estão todos os artigos expostos numa extensão superior ao comprimento do braço de uma pessoa normal, do meu. Alí estava então eu de braço esticado com a tal nota de 10 euros para pagar 1,40 euros do jornal. A Senhora olhou para mim, reagindo à minha solicitação, olhou para a nota que lhe apresentava, olhou para a caixa do dinheiro... e vejam lá... ignorou-me!... começou a atender outros clientes como se eu não estivesse ali. Não me vendeu o jornal, não me quis vender um jornal. A Senhora nem se dignou a dizer-me uma palavra... fiquei completamente sem reacção, de braço aberto com a nota estendida... até que me apercebi e afastei-me. Atravessei mais uma avenida (já estou no lado oposto da rotunda) e vou ao terceiro quiosque, que educadamente me informou que já não tinha o Público. Atravesso mais uma avenida e, finalmente, lá consigo comprar o jornal. Nem sei como não desisti, ainda por cima sabia que a edição seria a de Lisboa, mas como já dera a volta à rotunda...
Entro no tal restaurante, pego num tabuleiro, num prato, nos talheres, coloco-me na fila atrás de outras pessoas que vão escolhendo os diferentes alimentos. Coloco 3 pedaços de tomate, 1 fatia de queijo fresco e... não havia mais comida!... apenas ananás assado e ovos estrelados... e noutro tabuleiro um, apenas um peixe manhoso, frito ou assado inteiro e com uns grandes olhos esbugalhados... nojento. Pousei o tabuleiro, encostei-me ao balcão e almocei um croquete com um copo de coca-cola.
O resto do dia até correu bem.

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