21 setembro 2008

esgrimas e paliativos

Nestes últimos dias não conseguimos fugir do tema. Foi impossivel evitar o drama da economia mundial. Muito se disse e comentou, viu e escutou. Tem sido interessante (para mim) perceber as várias opiniões e o esgrimar dos argumentos em confronto: de um lado os acérrimos libeirais, nos seus mais variados formatos - neo, ultra, dogmáticos ou ortodoxos, que apesar de abalados, lá vão lambendo as feridas na esperança de não haver mais infeccões ou complicações. Do outro lado, um tipo de socialistas, adormecidos e já quase obsoletos, que encontraram nesta situação a oportunidade para sacudir o pó da sua indumentária verbal e reajustar a sua inabilidade face à actual conjuntura.
Concerteza que o capitalismo não acabará amanhã, nem ruirá depois de amanhã e, para além disso, convirá relembrar que foi sob o paradigma capitalista que o mundo conheceu, provavelmente, o seu maior salto civilizacional, no sentido de que tirou milhões de indivíduos de um estado crónico de pobreza e miséria.
Agora e perante o sucedido gostava de ver, ouvir e ler o que têm a dizer todos aqueles e aquelas que durante estas últimas décadas defenderam a mão invisivel do Mercado, daqueles que transformaram esse Mercado no ser omnipresente, omnisciente e capaz de tudo e mais...
Também não deixa de ser interessante verificar a diferença das reacções dos tais liberais perante as nacionalizações (de lucros) na Bolívia e arredores e, agora, perante a nacionalização dos prejuízos americanos...
Depois de tanto ostracizarem e relegarem os Estados para posições meramente residuais e dispensáveis, não deixa de ser metafórico, eu diria mesmo, iconográfico, ver os Estados e, neste caso, o Estado Americano a salvar um dos pilares dessa lógica liberal e expoente máximo dos discursos e sistemas actuais, idealizados, pensados, construídos e liderados por essa espécie de iluminados, que vivem bem longe da realidade mundial e das vidas das pessoas, e cujo único conhecimento é o termo lucro. Por esta ignorante e pobre visão de meia-dúzia abrigados pelo esquema de roda-livre neo-liberal, vemos agora o Estado com o dinheiro que é de todos os contribuintes (muitos dos quais nunca beneficiaram um dolar com estas empresas) pagar essa incompetência... estranha e pouco justa situação!...
Por outro lado, também convirá referir que seria uma completa irresponsabilidade o Estado Americano não ter feito o que fez, mas como muitos têm dito, chega a ser engraçado ver o velho paradigma estadista socialista intervir e assim resgatar de uma morte certa a seguradora AIG (que nos EUA funciona mais ou menos como a Segurança Social portuguesa, na medida em que é depositária e milhões de PPRs e outros planos de poupança e reforma, substituindo essa função do Estado). Como nos sentiríamos nós portugueses se tudo isto acontecesse em Portugal e se, de um dia para outro, grande parte dos nossos cidadãos ficassem na eminência de perderem as suas poupanças e as suas reformas!?...
Sem qualquer piada, admito que não deixo de estar satisfeito com este tropecção da libertinagem neo-liberal. Já aqui o disse e vou repetir, porque acredito: tudo isto está a levar-nos, e rapidamente, para o fim e sem saber o que aí virá , importante é que venha algo novo, diferente e, já agora, melhor.

1 comentário:

tabarish disse...

La Revolución...