27 outubro 2008

dimensão oculta

(texto 3 D - obriga, para uma leitura correcta e completa, clicar no play aqui do lado direito para ouvir o som. obrigado.)

Não sei muito bem porque é que escrevo este texto!?... Não sei mesmo!... às tantas, talvez, por uma sentida necessidade fisiológica qualquer. Talvez mais à frente se perceba...
A primeira vez que ouvi este som, num pretérito muito presente, estava no carro, algures num final de tarde do trânsito urbano. Passados apenas alguns segundos, dei comigo a abanar completamente algumas das minhas queridas artroses e num ritmo que até a mim me surpreendeu... (talvez tenha surpreendido, também, os demais e angustiados condutores).
Os meus sentidos foram, inequivocamente, surpreendidos por este som e a minha mente remeteu-se, julgo que insconscientemente, a uma dimensão outra, a dos vários tempos da minha meninice e adolescência. E foram diferentes os momentos aos quais a música me levou:
Desde as longas tardes de fim-de-semana, junto da bicharada e/ou dos carroceis do Palácio de Cristal; aos cabeçudos e aos poços da morte das festas de Delães e arredores (Famalicão); ao algodão doce da Feira Popular de Lisboa; às tardes de Domingo junto ao mar de Gaia a comer gelados de máquina (preferência da Mãe Ia) enquanto o Pai António ouvia o relato de futebol pelo som pífio do velho "pilhinhas"; a esses tempos de férias e afins de menino, repletos de inocente alegria e lúdico prazer, na companhia de primos e primas; Depois e menos infantil, revejo-me nas festas do Sr. dos Aflitos e nas suas pistas de carrinhos de choque, onde manhuços de jovens, propositadamente vestidos(as) para a ocasião, se apinhavam para verem e serem vistos. O som estridente debitado pelas colunas destes hetero-espaços permitia aos diferentes sentidos perceber o característico perfume patcholi, a graxa dos sapatos gastos e enlameados, os besuntados cabelos e ornamentais cabeleiras, a bijuteira prata e ouro que, ritmadamente, se agitava, suspensa numa qualquer extremidade dos corpos; mais tarde ainda e já com variados interesses e com outros motivos distrativos, passei pelas festas dos santos da aldeia, com as suas típicas, grandiosas e ecléticas aparelhagens sonoras. Sem esquecer o "Locomotion" da apetecível Kelie Minogue...
Esta é uma dimensão pessoal oculta à qual muito raramente acedo ou recorro, mas que acompanha latente o meu presente e sobrará para o meu eminente futuro. A virtude do som é o seu poder de atracção, que não conseguirei explicar, mas que entendo como simples, alegre, festivo e, aparentemente, descompremetido. Pouco percebo de música. É verdade. Poucos perceberão aquilo que vivi e identifiquei. Também será verdade. Certo é que tenho ouvido incessantemente este som da rainha da pop. Hei-de fartar, mas no entretanto "Give it 2 me".

1 comentário:

Ramon disse...

Pronto: oficialmente entraste no clube dos trintões a caminho dos quarenta!