07 outubro 2008

Portugal, a Islândia e a crise

Enquanto o próprio Primeiro Ministro deste pequeno, mas riquíssimo país do norte da Europa admitia, ainda hoje, que o seu país está muito perto do abismo da falência económica e, num lacónico discurso à nação, admitia que a única solução para tentar ultrapassar esta grave situação era pedir ajuda internacional (à vizinha Rússia), por cá os nossos governantes e altos representantes teimam em garantir que Portugal está a salvo desta hecatombe geral.
Como pode haver tanta diferença entre a atitude e entre as culturas nacionais dos diferentes países!?... É, também, nestes momentos que se percebe a grandeza e a pequenez dos políticos e dos próprios Estados. Se vemos o Primeiro Ministro da Islândia admitir que a crise está instalada no seu país e, ao mesmo tempo (no mesmo espaço informativo), o nosso Primeiro Ministro a garantir aos portugueses que está tudo tranquilo e que Portugal não sofrerá o mesmo que outros, alguma coisa estará errada, muito errada... pelo menos será isto que o senso, pelo menos o bom senso, exigirá do comum dos portugueses. (Reparem como um admite e o outro garante...)
Mas não. Talvez o nosso Primeiro Ministro e demais governantes tenham razão. A grande diferença está no ethos nacional de um e de outro país, ou seja, na diferença entre o que é ser português e o que é ser Islandês. Enquanto que este é um ser exigente e não está disponível para grandes veleidades, exigindo de si mesmo um rigor e uma qualidade de vida - colectiva e individual, excelente; por cá, o português está habituado a sofrer e apresenta-se sempre disponível para mais e mais sacrifícios individuais na expectativa de um amanhã sempre melhor. Este fado que nos persegue e que nos condena à pobreza - colectiva e individual. Este estado mental crónico do sonho de ser, de estar e de conquistar os amanhãs, tolhe o raciocínio do português presente e, por isso, iremos andar iludidos mais uns tempos, com a sensação que somos diferentes e, para alguns, melhores que os demais...
Quando nos acordarem vai doer e o Engenheiro Sócrates já sabe que sim, mas não o diz.

1 comentário:

tabarish disse...

Revolucion!