04 dezembro 2010

lida e bem

Nesta manhã de Sábado e aproveitando o aconchego de um café na cidade gelada de Bragança, lí de fio a pavio a revista Ler. Muitos e bons momentos - pensamentos, reflexões e escrita, dos quais destaco e sublinho as seguintes passagens:
"Quando nos cansarmos de ser educados por uma profissão, talvez possamos finalmente almejar a formar pessoas, gente."André Gago (no Sofá)
"Trinta por cento dos alunos de Letras acham que ler é um sacrifício. E é um esforço inglório. Há coisas mais saudáveis. O mundo mudou todo. Não me apetece mexer um dedo por causa disso. Seremos ilhas. Estaremos trancados entre muros. Coleccionaremos excepções. Aqui e na blogosfera há leitores muito especiais, e se calhar são esses que interessam, leitores muito especiais. Tudo isto é por causa das estatísticas, mas cada vez mais gente a ler era bem capaz de ser um absurdo." Francisco José Viegas (no Diário de Ocasião)
"O que eu acho que um escritor sério deve fazer sempre é livros sérios. Não interessa o escritor, interessam os livros. Um livro sério é um livro que quer interferir com as pessoas. É um livro que não é para aquela semana. Há aqui um combate muito forte com o mundo em que nós estamos - que já não é semanal nem diário, que com a internet é ao segundo, uma coisa quase brutal. Um dos grandes combates actuais é o combate entre a actualidade e o importante. (...) Estamos num mundo em que a questão do actual e do importante se joga minuto a minuto. (...) O problema é que esta lógica da velocidade é uma lógica opressora. A grande velocidade é muito violenta."
"... o livro é uma coisa absolutamente extraordinária. É de outro mundo e de outro tempo. O livro é outro ritmo: não é para aquele minuto, não é para aquele dia, não é para aquela semana. Nesse aspecto, tem de se lutar para se mostrar que o livro é de outro tempo. (...) Os livros sérios dizem-nos: «Calma, mais devagar, há outros ritmos possíveis.» O livro é o objecto de culto da lentidão."Gonçalo M. Tavares (entrevistado por Carlos Vaz Marques)
"Os tempos não são exaltantes, a mediania domina, as expressões que definem cada dia não nos conduzem demasiado longe. Contudo, continua a escrever-se poesia. Porque, como sugeria Luíza Neto Jorge, a poesia ensina a cair." Eduardo Prado Coelho (in A Poesia ensina a cair)

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