04 julho 2007

Shopping Brasília

Enquanto faço horas para uma visita de revisão ao médico e porque está um dia chuvoso, decido-me revisitar este lugar mítico da invicta urbe.
É um dos espaços que trago nas memórias infantis, vindas dos finais dos anos 70, principios dos 80. Os dias de criança aqui passados foram, sem dúvida, de grande alegria para mim e para o meu irmão Daniel. Concerteza, tínhamos o direito a um gelado ou uma guloseima extraordinária e suplementar.
Nessa época, este centro comercial acabado de inaugurar (outubro de 1976) era o maior exemplo ibérico das novas tendências e modas... apesar de ainda num estado precoce de desenvolvimento, atraía as massas da população que, curiosas e com sede de inovação, podiam aqui experimentar novas sensações. Estava então em expansão e lembro-me perfeitamente da abertura de novas lojas, novas alas e pisos.
Hoje, ao deambular por estes infindáveis e labirinticos corredores, outrora largas e movimentadas avenidas, agora estreitas ruas, dadas as novas e pós-modernas exigências, experimento uma sensação estranha de nostalgia. Talvez não a consiga traduzir aqui, mas ao procurar pontos de referência de então, para me orientar, chego à conclusão que já nada está igual e que as lojas são diferentes. Contudo, consigo identificar uma das lojas que sempre aqui esteve e que sempre me atraiu: Isabel Queiroz do Vale... quem não se lembra dos anúncios da rádio e da tv... para além do "vale".
Depois de aleatoriamente e sem destino percorrer os vários pisos, alguns pormenores ressaltam-me à vista e à razão: num espaço curto de tempo, desde a porta de entrada, três pessoas pediram-me esmola; grande percentagem das lojas estão desocupadas; um número considerável das mesmas, está ocupada por lojistas orientais e indianos, o que demonstra bem a alteração e a substituição dos públicos que incluem nos seus circuitos pendulares citadinos este espaço comercial (aliás, este é um movimento urbano clássico e está por demais estudado - vejam o exemplo do centro comercial Dallas, na Av. da Boavista, onde a substituição dos logistas e consequentemente dos públicos, significou o princípio do fim do mesmo).
Por fim, uma palavra para o conceito e estrutura do próprio centro, que acusa o passar dos anos e que deixa perceber a necessidade de alteração dos percursos da população e públicos, para novos lugares e espaços habitacionais e comerciais, alguns daqui bem perto: cidade do porto e peninsula.
Ao revisitar o Brasília podemos sentir o (des)conforto de há umas décadas atrás, experimentar sensações demodé e em desuso... tudo mais pequeno e com uma lógica em extinção.
Quanto tempo mais aguenterá!?...

1 comentário:

Anónimo disse...

Para os que são do tempo de andarem nos barquinhos no shopping brasilia

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