Enquanto faço horas para uma visita de revisão ao médico e porque está um dia chuvoso, decido-me revisitar este lugar mítico da invicta urbe.É um dos espaços que trago nas memórias infantis, vindas dos finais dos anos 70, principios dos 80. Os dias de criança aqui passados foram, sem dúvida, de grande alegria para mim e para o meu irmão Daniel. Concerteza, tínhamos o direito a um gelado ou uma guloseima extraordinária e suplementar.
Nessa época, este centro comercial acabado de inaugurar (outubro de 1976) era o maior exemplo ibérico das novas tendências e modas... apesar de ainda num estado precoce de desenvolvimento, atraía as massas da população que, curiosas e com sede de inovação, podiam aqui experimentar novas sensações. Estava então em expansão e lembro-me perfeitamente da abertura de novas lojas, novas alas e pisos.
Hoje, ao deambular por estes infindáveis e labirinticos corredores, outrora largas e movimentadas avenidas, agora estreitas ruas, dadas as novas e pós-modernas exigências, experimento uma sensação estranha de nostalgia. Talvez não a consiga traduzir aqui, mas ao procurar pontos de referência de então, para me orientar, chego à conclusão que já nada está igual e que as lojas são diferentes. Contudo, consigo identificar uma das lojas que sempre aqui esteve e que sempre me atraiu: Isabel Queiroz do Vale... quem não se lembra dos anúncios da rádio e da tv... para além do "vale".
Depois de aleatoriamente e sem destino percorrer os vários pisos, alguns pormenores ressaltam-me à vista e à razão: num espaço curto de tempo, desde a porta de entrada, três pessoas pediram-me esmola; grande percentagem das lojas estão desocupadas; um número considerável das mesmas, está ocupada por lojistas orientais e indianos, o que demonstra bem a alteração e a substituição dos públicos que incluem nos seus circuitos pendulares citadinos este espaço comercial (aliás, este é um movimento urbano clássico e está por demais estudado - vejam o exemplo do centro comercial Dallas, na Av. da Boavista, onde a substituição dos logistas e consequentemente dos públicos, significou o princípio do fim do mesmo).
Por fim, uma palavra para o conceito e estrutura do próprio centro, que acusa o passar dos anos e que deixa perceber a necessidade de alteração dos percursos da população e públicos, para novos lugares e espaços habitacionais e comerciais, alguns daqui bem perto: cidade do porto e peninsula.
Ao revisitar o Brasília podemos sentir o (des)conforto de há umas décadas atrás, experimentar sensações demodé e em desuso... tudo mais pequeno e com uma lógica em extinção.
Quanto tempo mais aguenterá!?...
1 comentário:
Para os que são do tempo de andarem nos barquinhos no shopping brasilia
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