28 março 2014

fonte de eterna inspiração

Não conhecia André Gorz, jamais lera uma palavra da sua escrita, até que um dia destes tropecei nesta linda capa. Peguei nele e li-o ainda antes de o comprar. Bonito e sentido texto o autor escreve nesta carta dirigida à sua companheira de sempre. Escrito perto do final da vida de ambos, esta carta será o testamento das suas vidas, vividas lado a lado. De todas as passagens bonitas, marcantes e memoráveis que a sua leitura me deu a conhecer, há uma que pelo seu significado político e até essencialista, talvez pela empatia, me marcou:
"Tanto quanto consigo lembrar-me, sempre detestei o estilo de vida dito «opulento» e seus desperdícios. Tu recusavas seguir a moda e julgava-la segundo os teus próprios critérios. Recusavas-te a permitir que a publicidade e o marketing te dessem necessidades que não sentias. (...) Acabámos por adquirir, ao fim de dez anos, um Austin velho. O que não nos impediu, porém, de continuar a considerar a motorização individual como uma escolha política execrável, que põe as pessoas umas contra as outras, na pretensão de lhes oferecer o meio de se livrarem de um destino comum. Tinhas para as despesas correntes um orçamento que definias e gerias de acordo com as nossas necessidades. Faz-me lembrar que tu tinhas concluído, já aos sete anos de idade, que o amor, para ser verdadeiro, deve desprezar o dinheiro. Tu desprezava-lo." (páginas 68 e 69)


Ainda o estava a ler e já sabia a quem o ia oferecer. Assim fiz.

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