Não conhecia a expressão, nunca a ouvira ou lera, mas porque gostei dela, passará a fazer parte do meu léxico. Encontrei-a hoje no Ipsilon do jornal Público, numa peça-entrevista a Cory Doctorow, um activista pela Internet e pelos direitos digitais, autor de vários livros, que passou recentemente por Lisboa, para discursar na Web Summit. Inventou este termo "enshittification" em 2023 e trata-o como uma doença... "um fenómeno em que as plataformas deixam de ter o utilizador como prioridade e passam a focar-se no lucro. Perdem qualidade e entram em decomposição, mas continuam vivas, paradoxalmente". A merdificação é um processo e o autor analisa-o:
"1- Primeiro, as plataformas começam por ser boas e úteis para os utilizadores;
2- Assim que esses utilizadores ficam agarrados, as plataformas abusam dos utilizadores para que sejam mais vantajosas para os seus clientes empresariais;
3- Depois, as plataformas abusam desses clientes para ficarem elas próprias com os lucros;
4- Por fim, transformam-se num monte de merda... passam a oferecer o mínimo possível que seja suficiente para manter os utilizadores colados uns aos outros, e os publishers e anunciantes colados aos utilizadores."
De facto, vivemos tempos de merdificação, e não é só na internet. Vivemos num mundo em que o verbo que se conjuga é merdificar. A merdificação está generalizada e é colectiva, ou seja, andamos a borrar a cara com merda uns aos outros.
Sem comentários:
Enviar um comentário