21 novembro 2025

desalento, talvez

Chegado a esta idade, e às suas circunstâncias, perscrutando o mundo que me rodeia e reflectindo sobre o estado das "coisas", fico deprimido e com vontade de abdicar da inconformidade e resistência, atitudes em que tenho militado desde que me conheço. Numa simples analogia, sinto que tenho existido em contra-mão daquilo que é o sentido em que a maioria vive.
Durante as mais de três dezenas de anos que levo de activismo, primeiro na dimensão associativa, depois política e, por último, social, não deixei de acreditar, em cada momento, que era possível um outro mundo, uma outra sociedade. Hoje, agora, já não sei se será bem assim. Pode, e espero, ser um estado de alma e algo apenas conjuntural e amanhã voltarei a acreditar num amanhã promissor. No entretanto, e já há cerca de meia-dúzia de anos que a Antropologia é o meu enfoque e será através do seu crivo que manterei a atitude activista possível.
A vontade e o interesse pelo trabalho de campo, pelo mundo rural, associados à paixão pelo território transmontano, tem-me ocupado o tempo e os sentidos. É e será por aqui que vou ficar. Em todo o caso, também sei, em e com consciência, que jamais deixarei de me preocupar por tudo o que diz respeito ao colectivo, à comunidade e ao seu futuro.

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