27 maio 2011

azeiteiro do futebol

É ele, todo ele transpira azeiteirice.
Esperei pelo final da época futebolística para escrever estas palavras. Bem sabem que não costumo, aqui, dedicar qualquer atenção às coisas da bola. Aliás, não me recordo sequer de o ter feito... Mas faço-o agora também porque não considero que aquilo a que me proponho, se trate propriamente de bola. Quero sim falar desse expoente máximo do futebolês da nossa praça.
Jorge Jesus foi campeão nacional com o Benfica na época anterior (2009/10) e desde então não deixou, a cada oportunidade que teve, de passear e demonstrar a sua condição e o seu carácter, que para já me abstenho de qualificar. Sempre que o vejo e ouço, não me consigo afastar da memória de uma famosa entrevista que deu a um canal de televisão, antes do início desta época, onde afirmava que não duvidava que seria novamente campeão nacional, que iria lutar pela vitória na Liga dos Campeões e que não acreditava na juventude de um tal de André Villasboas. Pois bem.
Sempre considerei que o mundo do futebol era constituído por gente pouco qualificada, ou dito de outra forma, sempre achei que o futebol era um mundo centrífogo para a iliteracia, para a ignorância e para o analfabetismo e, salvo raras excepções, o estereótipo do futeboleiro nacional é mesmo esse. Por outro lado, nunca gostei do futebol enquanto objecto de grande cientificidade, nem dos doutos oportunistas que, percebendo os défices reflexivos, verborreiam toda a pseudo-parafernália acerca disto e daquilo. O futebol é, assim, paixão, irracionalidade, abstracção e desqualificação e, nesta ordem de ideias, consigo enquadrar, consigo perceber o lugar de Jorge Jesus nesse universo.
Quando o vejo, em plena acção - nos treinos e nos jogos, nas conferências de impensa e nas entrevistas rápidas a mascar pastilha-elástica de boca aberta, como se não houvesse amanhã; ou quando o vejo com despeito acenar aos adversários com os dedos no ar, indicando o número de golos marcados por sua equipa, consigo entender de que massa é feita esse "grande estratega da bola"; consigo perceber o nível e a elevação do seu carácter. Sempre que o ouço, pergunto-me: não haverá ninguém da sua confiança ou relação que o aconselhe a falar menos e a utilizar apenas o vocabulário rudimentar que conhece e a não se aventurar por étimos, expressões e construções frásicas por ele jamais experimentadas!? É que chega a dar pena...
Por favor, há instituições próprias e especializadas em qualificar adultos, por exemplo as Novas Oportunidades, onde aliás, ele já está inserido, numa iniciativa de Luís Filipe Vieira para a próxima época... veremos. Na verdade, o que penso é que este futeboleiro nunca imaginou que um dia poderia ser um treinador campeão nacional. No dia em que, por artes mágicas, isso aconteceu, pensou-se no topo do mundo. Desde aí, esse mesmo mundo encarregou-se de lhe fugir e ele, incrédulo, nem sequer percebeu o que lhe sucedia.
Desconfio, e digo-o com apreensão, que ele ainda será treinador do Futebol Clube do Porto e, portanto, talvez seja melhor não abusar nas adjectivações. Mas que é o tipo azeiteiro da bola, lá isso é.

1 comentário:

Anónimo disse...

Benfica campeão pela verdade, e FCP (filhos da p...) campeões pela fruta, pelo chocolate, pelas viagens de sonho, pelas tranferencias bancarias vindas não de sabe de onde e etc etc etc