30 agosto 2011

o poder simbólico

Recentemente, um amigo dizia-me, em jeito de desabafo, que não vê televisão, pois não acredita naquilo que ela transmite. Diz com considerável satisfação que em casa tem um televisor velhinho desligado há muito tempo. Afirma com convicção que prefere ocupar o seu tempo a ler livros, uma vez que considera que estes, apesar da toda a diversidade e de toda a multiplicidade, são os veículos por excelência do conhecimento humano. Se ambicionamos realmente o saber, será nos livros que o encontraremos.
Tendo a concordar, e cada vez mais, com esta opinião, e mais consciente estou do muito que tenho que ler para saber. Pierre Bourdieu, a propósito do poder dos símbolos (edições 70, 2011), afirma:
“A classe dominante é o lugar de uma luta pela hierarquia dos princípios de hierarquização: as fracções dominantes, cujo poder assenta no capital económico, têm em vista impor a legitimidade da sua dominação quer por meio da própria produção simbólica, quer por intermédio dos ideólogos conservadores os quais só verdadeiramente servem os interesses dos dominantes por acréscimo, ameaçando sempre desviar em seu proveito o poder de definição do mundo social que detêm por delegação; a fracção dominada (letrados ou intelectuais e artistas, segundo a época) tende sempre a colocar o capital específico a que ela deve a sua posição, no topo da hierarquia dos princípios de hierarquização.” (Bourdieu, 2011:8)
Com justiça e razoabilidade poderei associar esta ideia ao tempo e espaço que agora experimentamos e à necessidade de manter em off as televisões. Ainda é um poder simbólico que nos assiste. E não é difícil.

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