26 fevereiro 2019

evolução humana


É uma das leituras que faço neste momento. Ian Morris propõe-nos uma viagem diacrónica pela filogénese da espécie humana, encontrando uma relação directa entre as fontes de energia disponíveis em cada período e os valores que essas comunidades privilegiavam. Assim, o autor encontra na evolução da nossa espécie três grandes momentos: 1º) os recolectores, 2º) os camponeses, 3º) combustíveis fósseis e estabelece para cada um destes momentos e sua revolução, a apropriação de valores humanos que também sofreram uma evolução. Tentando responder a questões fundamentais, tais como: porque mudam os sistemas de captação de energia?, ou, se essas mudanças foram/são inevitáveis?, ou ainda, o que implicam essas respostas para o futuro dos valores humanos?, Ian Morris apresenta o seguinte esquema desses sistemas de valores:

(fotografia tirada por mim do próprio livro)

Interessante perspectiva e com a qual poderemos concordar, na medida em que reconhecemos, por tudo o que aprendemos nas escolas, a História das nossas civilizações, Estados e comunidades. Contudo, a leitura deste livro tem sido acompanhada de um certo desconforto com a ligeireza com que cristaliza determinadas afirmações, como por exemplo:

Os próximos cem anos assistirão a mais mudanças na natureza humana, e nos valores humanos, do que os anteriores cem mil. Se isto lhe parece um exagero, lembre-se de que os últimos cem anos assistiram possivelmente a mais alterações nos nossos corpos do que os anteriores cem mil.(página 228)

Face àquilo que é o raciocínio da teoria explicita neste livro, estranho também - e registo isto como uma hipótese provável - como é que o autor não definiu um quarto momento nesta longa viagem da espécie humana? Estaremos ainda no momento "combustíveis fósseis", ou poderemos estar já num outro estágio do nosso desenvolvimento, proporcionado pela revolução informática e digital que temos experimentado nestas duas últimas décadas?
Para reflexão...

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