02 março 2013

«morreu»

Pela primeira vez comprara um automóvel com algum conforto, equipamento e potência. Planeara uma vida de largos anos com esse carro, pois para além da sua inequívoca qualidade, era um carro espaçoso, adequado às exigências de sua família. Viajaram quilómetros e quilómetros, horas a fio, de norte a sul do país, pelo estrangeiro e arredores. Sempre na sua potente e capaz viatura. Pois bem, pensara ele que tinha ali máquina para durar, mas não, não teve. Enganou-se e não quis acreditar quando o médico especialista, depois de lhe pedir umas centenas de euros pelas intervenções, lhe disse que o carro morrera. Não tinha qualquer possibilidade de sobreviver. Demorou algum tempo a interiorizar esse veredicto, ainda procurou outras opiniões, mas derrotado pela despesa e pelos evidentes sinais de uma vida que se esvai, desistiu. Entregou as chaves e nem sequer se despediu dele.

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