Bastou o amanhecer do dia seguinte à queda do governo PaF para se perceber como a sociedade portuguesa vive tempos conturbados. Muitos analistas políticos e opinadores de ocasião televisiva têm vindo a alertar para as fracturas, as crispações e as divisões sociais que a conjuntura política tem proporcionado. O resultado das últimas legislativas foi a consequência lógica, ou o epílogo desse ressentimento social. Esperariam os partidos da direita e os seus representantes que não houvesse alterações concretas e estruturais depois da governação autista, sobranceira, arrogante e discriminatória que exerceram durante os últimos quatro anos?! A queda desse governo era inevitável face, não à crispação, mas ao puro ódio social que se sente nas ruas. Não haja dúvidas que o ódio é o sentimento mais recorrente por estes dias e a fractura política verificada, apesar de eu não ter a certeza que corresponde à fractura social, pelo menos permitiu-nos perceber, definitivamente, a posição exacta de quase todos os partidos políticos com representação parlamentar. Digo quase todos porque há uma excepção que é o PS, pois dada a sua natural centralidade (aquilo a que alguns chamam "charneira"), terá sempre e a cada momento a possibilidade de poder escolher de que lado da fractura pretende ficar. Seria hipócrita se não reconhecesse que prefiro o PS do lado esquerdo dessa fractura, tal como aparentemente está hoje, mas sei que muito rápida e facilmente poderá trocar e empurrar a cisão política para o seu lado esquerdo e posicionar-se na outra margem. Claro que tudo isto implica que também seja o PS a carregar, a cada momento e situação, o odioso político e, acima de tudo, social, o que em última instância poderá provocar sérias e irreversíveis cisões dentro do PS, o que, a acontecer, não seria assim tão negativo até para o próprio partido. Penso eu de que...
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