A consciência da realidade que experimentamos por estes dias, leva-nos obrigatoriamente à reflexão sobre os dias que aí virão, sobre as enormes dificuldades que se adivinham no horizonte. Essa tormenta não é exclusiva a Portugal. Se olharmos à nossa volta, muito facilmente perceberemos como a Europa está à deriva, sem líderes capazes e competentes, sem políticas e, acima de tudo, repleta de elos fracos que, nas suas mais variadas manifestações, se predispõem a destruir, ou pelo menos questionar o edifício europeu. Entre outras, verificamos:
- Reservas sérias e programáticas britânicas quanto à manutenção na UE;
- Reforço da direita e extrema-direita em vários estados, incluindo vários governos e manifestando posições anti-europeias;
- Crise dos refugiados que, per si, já é potencialmente uma tragédia para a Europa, e que despelou sentimentos, manifestações e reacções por parte de alguns países, que julgávamos não serem possíveis numa espaço partilhado, sem fronteiras e de livre circulação;
- A construção de muros, barreiras, arames farpados, campos de refugiados, ou seja, ambientes pouco habituais na contemporaneidade europeia;
- Movimentos independentistas, como aqui ao lado em Espanha, onde a situação se extremou e poderá ser o precedente para outras experiências regionais;
- Fragilidades económicas de vários estados, que levaram à subtracção das capacidades democráticas um pouco por toda a Europa;
- Uma estrutura central Europeia enredada pela burocracia e seus burocratas, dominada pela tecnocracia e seus tecnocratas, que afastaram dos centros de decisão os cidadãos e substituíram a supremacia democrática - o perfil fundador da Europa, por um directório anti-democrático, chantagista e opressor, a quem todos devem obediência.
Perante estes factos ou realidades, a tormenta que se adivinha até poderá ser bem frutuosa. Claro que haverá riscos e alguns dos seus pressupostos são ainda desconhecidos. Aquilo que aconteceu na Grécia foi o primeiro sinal dessa mudança, agora em Portugal e daqui a dias será em Espanha. A ver vamos. Estou expectante perante a possibilidade de descontruirmos este edifício caduco e sem futuro. Penso eu de que...
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