Diz que não se sente escritor embora goste de escrever. E que não se sente capaz de criar uma narrativa imaginada completa e daí optar por este registo onde valoriza o relato e o testemunho.
Esta é a única incongruência que encontro no Luís. ELE é um escritor completo.Todas as obras são introspectivas sejam elas ficcionadas ou não. Esta também não foge à regra. Bem pelo contrário, nela o autor desnuda-se completamente em todos os aspectos da sua vida. Numa obra ficcionada ainda nos podemos esconder atrás das personagens ficcionadas, atrás das palavras do narrador, mas aqui não há hipótese de fuga.(...)
Este é um Luís Vale que encontrei neste «apurriar» de 10 anos: Canhoto, modesto, culto, nostálgico, socialmente atento e interventivo, sensível, pai e marido extremoso, inconformado, irreverente - ás vezes cáustico, de bem com consigo próprio, pelo menos agnóstico, poeta e leitor compulsivo.
(Valadares, 21 de Janeiro de 2017)
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