11 junho 2020

a História e a sua leitura

Tenho assistido nos últimos dias, talvez semanas, a um surto de esquizofrenia mediática que se dedicou a atacar ferozmente o passado, seja nas suas dimensões espacial, temporal, personagens ou produção literária e artística. Que estupidez! Que falta de conhecimento e de senso, querer olhar para o passado com a soberba e o privilégio do século XXI!
Que se faça toda a justiça para com as minorias, para com os prejudicados ou ofendidos, sem com isso destruir o património material e imaterial que geracionalmente herdamos. Concordemos ou não, repudiemos ou não, a História não pode ser reescrita. Pode e deve ser subjectiva e relativamente interpretada. Adjectivem-no como entenderem, mas isso não elimina o passado... Fomos assassinos, fomos genocidas, fomos discriminatórios, fomos racistas, fomos cobardes e ignóbeis?! Muito bem, aceitemos e reconheçamos essa condição, mas a obra produzida, os acontecimentos, efemérides e seus intérpretes jamais serão apagados. A História é mesmo isso, com tudo o que de positivo e de negativo comporta e transporta. Aceitemo-la tal qual ela é. E isso nada tem haver com o querermos uma sociedade mais justa, livre e democrática no presente e para o futuro.

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