24 junho 2020

I'm your man

Livro de cabeceira nestas últimas semanas, todas as noites antes de adormecer li um pouco da vida de Leonard Cohen. Sylvie Simmons escreveu várias biografias de gente famosa e neste caso, tal como ela própria admite tratou-se de escrever sobre alguém ainda vivo (edição de 2012), o que implica sempre mergulharmos na vida dessa pessoa numa escala que, provavelmente, em qualquer sociedade saudável, nos valeria sermos encarcerados numa prisão. Sem a tolerância, a confiança, a sinceridade, a generosidade e o bom humor de Leonard Cohen, este livro não seria o que é (página 567). A crer naquilo que é escrito sobre a sua vida, se é possível reduzir uma vida a cerca de 600 páginas de livro, apesar de uma existência superlativa, Leonard foi um artista que viveu fora dos círculos e hábitos do mainstream mediático e artístico. Conheço a sua obra desde a minha juventude, foi (e é) para mim uma referência poética, literária e musical. Agora conheço também um pouco melhor a sua singular e peculiar vida.


Em Julho desse ano (2016), Leonard recebeu notícia de que Marianne Ihlen estava internada num hospital, em Oslo, às portas da morte. Também ela sofria de cancro e, tal como Leonard, mantivera a sua doença em segredo. Leonard escreveu-lhe de imediato uma mensagem cheia de ternura. "Pois bem, Marianne, chegámos àquele momento em que nos sentimos muito velhos, com o corpo a cair aos bocados, e acho que muito em breve te irei seguir. Fica sabendo que caminho mesmo atrás de ti, tão perto que, se estenderes a tua mão, me parece que conseguirás pegar na minha. E tu sabes que eu sempre te amei pela tua beleza e pela tua sabedoria, mas não preciso dizer mais nada acerca disso, porque tu sabes tudo o que há para saber a esse respeito. Agora quero apenas desejar-te uma óptima viagem. Adeus velha amiga. Amor infinito, vemo-nos lá adiante, ao fundo da estrada." (página 580)

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