Foi no final da década de 70, princípio de oitenta que certos encantos deste nosso recanto o deram a conhecer e depressa o fizeram filho desta terra.
O Fernando, menino-homem da cidade, lá de longe, da capital, era para aqui que fugia sempre que podia. Adorava a tranquilidade e a paz que aqui encontrava e, na sua simplicidade, deixava-se ficar no fundo do povo, na Campaça de sempre, entre o escano e o pátio.
Escrevo estas linhas em cima do joelho, minutos antes desta cerimónia, porque sei, sabemos, o Fernando é nosso amigo. Eu conheci-o algures no início dos anos 90, com toda a certeza aqui em Vila Boa e quando o Bruno era ainda uma criança. Ao longo de todo este tempo assistimos e partilhámos a vida que o Fernando e a Fátima construíram e o resultado desse primeiro amor, nas lindas Natacha, Matilde e Maria. O Fernando, de trato simples, educado e atencioso, demonstrou ser de cá, ser um de nós, pois muito rapidamente aprendeu a jogar à Belota, se não me engano, com o tio Elias e/ou com os seus cunhados. Por cá não haverá maior prova de pertença à comunidade do que saber-se jogar a esse peculiar jogo.
Neste dia triste, queremos homenagear o Fernando e a sua vida. O nosso Fernando permanecerá aqui e connosco.
* Lido no final da cerimónia religiosa, na igreja paroquial de Vila Boa, dia 3 de Dezembro, do funeral de Fernando Sousa, amigo e também familiar.