01 maio 2012

degradação social e, sobretudo, humana...

O conhecimento e as imagens que nos chegaram da cadeia de lojas do Pingo Doce, um pouco por todo o país, é algo que nos deverá merecer a maior das reflexões. Não sei quais serão as consequências, mas confesso que jamais imaginei ser possível, assistir em Portugal a uma luta física por um produto à venda num supermercado. Para além da tristeza, fiquei alarmado pelas manifestações dos instintos mais básicos do ser humano e pelos significados de tais comportamentos. Do ponto de vista subjectivo, eu posso compreender a necessidade de cada uma daquelas pessoas, pois é algo substantivo, na conjuntura actual, para muitas famílias poder levar o dobro dos víveres por um mesmo preço. Mas todos nós teremos que reflectir acerca de tudo aquilo que está subjacente a esta corrida louca às prateleiras de supermercados. Por outro lado, a responsabilização das instituições e nesse aspecto, a estratégia do Pingo Doce é de todo irresponsável, pois para além das consequências no próprio mercado e da própria (i)legalidade da iniciativa, introduziu um factor de provocação sociológica, na medida em que a escolha do dia 1 de Maio, feriado internacional e dia do Trabalhador, não foi inocente. Com uma campanha tão agressiva, esta marca conseguiu provar que a generalidade dos indivíduos, económica e socialmente fragilizados, troca facilmente a sua cidadania pela condição de consumidor. Pouco dignificante para a cidadania, para a democracia e para a própria civilização. Sinal dos tempos degradados que vivemos e experimentaremos...

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