15 maio 2012

processo civilizacional

Quando apareci em casa com o Ipad, deu-me a sensação que nem tive tempo de por os dois pés dentro de casa e já estava a ser interrogado: - Mas para que precisas tu disso?!... De facto, na altura a utilização do verbo "precisar", desarmou-me e deixou-me sem capacidade de resposta. Mas também não foi preciso passarem muitos dias até alguém, que não eu, ter descoberto uma função bastante útil para o meu desnecessário gadget. Pois claro, nada melhor do que um Ipad para colocar em frente à criança para a distrair enquanto come a sopa e o demais... Muito bem. Assim tem sido e, de facto, a sua utilidade deixou de ser questionada. Essa rotina de visitar o "Tubo" à procura de temas apropriados para uma criança de um ano, levou-me a (re)descobrir esta música do Sebastião.


A letra desta curta versão da música diz o seguinte:

“Sebastião come tudo, tudo, tudo
Sebastião come tudo sem colher,
Sebastião fica todo barrigudo,
Chega a casa e dá beijinhos na mulher”

Mas algo me soava mal, pois aquilo que recordo do meu tempo - sim, quando eu era criança já cantávamos isto - era uma letra ligeiramente diferente e dizia assim:

“Sebastião come tudo, tudo, tudo 
Sebastião come tudo sem colher, 
Sebastião fica todo barrigudo, 
Chega a casa e dá porrada na mulher”

Pois muito bem, a conclusão a que se chega é que no espaço de cerca de 30 anos, o processo civilizacional pôs o Sebastião a dar beijinhos à mulher em vez de porrada, apesar de continuar a comer sem colher, ou seja, com as mãos. Quantos mais anos serão precisos para esse processo obrigar o Sebastião a comer com talheres?!...

1 comentário:

Anónimo disse...

E também o facto de tratar os homens gordos como maus.