Esta necessidade que a sociedade moderna tem de se manter jovem toda a vida é completamente contra natura. (Alexandre Castro Caldas, in SOL, citado pela Revista LER nº 140)
Aproveitando esta citação retirada da revista LER, roubo o título à letra de Sérgio Godinho para falar da mais que perceptível vontade que a sociedade actual manifesta em permanecer jovem, ou melhor, dos padrões de juventude ou de rejuvenescimento que a sociedade impõe aos indivíduos. Nada contra a juventude ou contra o facto das pessoas gostarem de se sentir jovens, mas não percebo a necessidade de isso acontecer. É-se jovem aos vinte, aos vinte e cinco e até se é jovem aos trinta anos, mas a partir dessa idade, é-se plenamente adulto, o corpo e a mente adequam-se ao natural e inevitável envelhecimento. Claro que se é mais velho aos cinquenta ou sessenta e, por isso, também mais ridículo é quando nessas idades alguém se comporta, se veste ou se manifesta como se nem pêlo na benta tivesse. Não adianta lutar contra o passar do tempo, contra o envelhecimento. Ele acontece quer gostemos ou quer não gostemos. Não existem elixires para uma eterna juventude. Tudo aquilo que nos é vendido e imposto pelo marketing e publicidade não é mais do que enganador cosmético para adiar o inadiável. A nossa vergonha não são os cabelos brancos que se impõem, as rugas que vão cavando o rosto e arredores, ou as carnes que cedem à magnética força da gravidade, mas sim a negação desse testemunho do tempo que passa e as práticas milionárias, invasivas, agressivas e muitas vezes contra-producentes, para mascarar o que a natureza impôs.
A teoria moderna, reflexo do capitalismo vigente nas últimas décadas, de que os indivíduos devem-se socorrer de todos instrumentos disponibilizados, pela ciência e pela tecnologia, para se sentirem bem consigo mesmos, não é mais do que um discurso muito eficaz para o condicionamento psicológico e que desculpabiliza e naturaliza os consumos, os investimentos em terapias e tratamentos. Vejam como se transformaram em ordinárias e usuais as intervenções cirúrgicas cuja única motivação é a aparência!: Aumentar, subir, alinhar os seios, modelar pernas e nádegas, corrigir e endireitar narizes, lábios e bochechas, etc., etc.. Recauchutamentos com os quais passamos a viver alegre e pacificamente.
A teoria moderna, reflexo do capitalismo vigente nas últimas décadas, de que os indivíduos devem-se socorrer de todos instrumentos disponibilizados, pela ciência e pela tecnologia, para se sentirem bem consigo mesmos, não é mais do que um discurso muito eficaz para o condicionamento psicológico e que desculpabiliza e naturaliza os consumos, os investimentos em terapias e tratamentos. Vejam como se transformaram em ordinárias e usuais as intervenções cirúrgicas cuja única motivação é a aparência!: Aumentar, subir, alinhar os seios, modelar pernas e nádegas, corrigir e endireitar narizes, lábios e bochechas, etc., etc.. Recauchutamentos com os quais passamos a viver alegre e pacificamente.
Eu gostei muito de ser jovem e trago comigo recordações magníficas desse tempo, mas acabou. Felizmente pude e posso experimentar outras idades que trazem experiências outras, trazem gostos, prazeres e belezas diversificadas. Quando muito poderei sentir alguma nostalgia por pessoas, lugares e momentos que vivi e conheci. O resto é tempo. E como gosto de o sentir passar, às vezes veloz demais, é certo, mas sempre tentando aproveitar cada pedacinho seu.
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