22 janeiro 2016

presidenciais 2016


Aproveitando o último dia da campanha eleitoral para a presidência da República, mesmo numa perspectiva de relativo afastamento ao processo, apesar de comprometido, não posso deixar de manifestar a minha opinião, em jeito de balanço, sobre aquilo que fui percebendo ao longo desta campanha eleitoral.
Tal como referi anteriormente nada tenho contra as iniciativas individuais de qualquer cidadão se candidatar à presidência da República, considero até que, em teoria, quantos mais candidatos houver, melhor será o debate e mais enriquecida sairá a nossa democracia republicana. Infelizmente não foi nada disso que aconteceu nesta campanha. Muito pelo contrário, não só o debate foi paupérrimo, como o nível dos candidatos mediu-se, regra geral, pela mediocridade, transformando um acto da maior importância para a nossa vida colectiva, em algo desprestigiante e caricaturável. Se não, vejamos:
a) ao nível do ridículo e da vergonha alheia:
Vitorino Silva ("Tino") - o seu ego do tamanho do mundo e a sua sede por notoriedade e reconhecimento, não lhe permitem conhecer o seu Complexo de Peter, ou seja, não lhe permite reconhecer as fortes limitações e como é baixo o seu tecto de competências. Pertencerá sempre ao burlesco nacional, conseguindo satisfazer o seu propósito de notoriedade ao aparecer nas TV's e nas revistas da especialidade. Qualquer coisa sirva para evitar o seu posto de trabalho e, com certeza, irá regressar, mais tarde ou mais cedo, num outro papel, num outro formato;
Jorge Sequeira - não se percebendo minimamente qual o seu propósito, este arauto da parafernália motivacional e das auto-ajudas metafísicas, nunca foi além das trocas e baldrocas semânticas, parecendo que o seu propósito era ter os seus 5, 10 ou mesmo 15 minutos de alguma notoriedade. O triste, nem isso conseguiu;
b) ao nível do populismo e da falta de vergonha:
Cândido Ferreira - o que terá motivado este senhor a candidatar-se a Presidente da República? É que projecto, ideias e políticas não apresentou nenhuma. Limitou-se a barafustar, reclamar e a dizer mal de toda a gente. Pelos vistos tem dinheiro, deve-lhe é faltar reconhecimento e prestígio, por isso, mal, veio aqui à procura dele;
Paulo Morais - na minha opinião, o mais triste dos candidatos, porque sempre tentando dar de si uma imagem de pessoa séria e rigorosa, nunca conseguiu transmitir uma ideia, um pensamento para o país, enredando-se exclusivamente na ladainha da corrupção, sem nunca apresentar um facto ou um nome concreto, acabou por se enquadrar ao nível dos ridículos desta campanha;
c) ao nível da intriga político-partidária:
Maria de Belém - como ficou bem explícito no caso das subvenções vitalícias, esta candidata sob a manta da seriedade e da experiência política, apresentou-se aos portugueses ao serviço da facção segurista e numa lógica de contra-poder interno no PS. Muitos dos que a apoiaram pertencem aos escorraçados da direcção socialista, protagonizada por António Costa. Demonstrou que não trazia uma única ideia para a campanha, que não tem qualquer carisma, nem capacidade agregadora. Prestou-se a uma figura muito triste e humilhante;
d) ao nível da fidelização do voto:
Edgar Silva - o candidato proposto e apoiado pelo PCP revelou-se uma aposta fraca e sem perfil para este papel de candidato à Presidência da República. O seu mérito político e a sua luta na região autónoma da Madeira, não foram suficientes para catalizar a sua mensagem no resto do país, para além da gente e das estruturas do PCP . Em teoria, esta fraqueza do candidato e do PCP seria uma vantagem para a candidata do BE. Veremos;
Marisa Matias - tenho para mim que tanto esta candidatura, como a de Edgar Silva só existiram porque surgiu a candidatura de Maria de Belém. Caso contrário, Sampaio da Nova seria o candidato dos vários partidas da esquerda. Para além de um ou dois equívocos e gafes, Marisa Matias fez uma boa campanha, percebeu e aproveitou-se das fragilidades de outras candidaturas, nomeadamente da de Edgar Silva e Maria de Belém. É, por mera aritmética partidária a minha candidata;
e) ao nível da disputa final:
Marcelo Rebelo de Sousa - passeou a sua "beleza" pelo país, quase sozinho, sem máquina partidária e sem espalhafato. Muito pragmático, percebeu há muito que o modelo tradicional de campanhas eleitorais em Portugal estava esgotado. Passou os dias e os momentos a beber, a comer, a brindar e a conversar com as pessoas. Foram os quinze dias da sua consagração. Campanha fê-la durante todos os anos que esteve nas televisões, sem contraditório, a educar e mentalizar os portugueses;
Sampaio da Nóvoa - desde o primeiro momento o meu candidato. De ilustre desconhecido, passou a única alternativa à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. Sem o apoio de qualquer partido (se excluirmos o moribundo LIVRE), e apesar de lhe terem sido garantidos apoios do PS, fez o percurso e chegou ao fim sem esse apoio. Bem organizada e estruturada e agregadora, esta candidatura foi crescendo e juntando cada vez mais apoios. Teria sido o meu candidato, caso Maria de Belém não tivesse aparecido. Assim, sê-lo-á na segunda volta.

Acima de tudo, importante é que todos e todas as portuguesas vão votar no próximo Domingo. Essa será sempre a melhor resposta a dar ao desencanto que se pressente na sociedade portuguesa. Até lá.

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