26 julho 2011

universal e tendencialmente gratuita...

Acredito num Serviço Nacional de Saúde (SNS) com qualidade, meios e recursos à disposição da população e de todos aqueles que contribuem com os seus impostos. E acredito que esse SNS deve ser sustentado pelos impostos dos portugueses, sendo aí realizada a distinção entre aqueles que mais ganham e mais impostos pagam e aqueles que menos ganham e, por isso, menos impostos pagam. O acesso à saúde não deveria implicar o pagamento de qualquer taxa. Por outro lado, penso que os medicamentos deveriam estar salvaguardados dos interesses dos mercados e obedecer apenas à real necessidade prescritiva e da patologia em causa. Defendo, portanto, a possibilidade de prescrição de unidoses e a possibilidade de as farmácias poderem trocar os princípios activos das prescrições médicas por genéricos, assim como a reutilização dos medicamentos. Sempre, claro, com o propósito de proteger e garantir que os indivíduos com maiores dificuldades financeiras não deixem de ser medicados e, assim impossibilitados de se tratarem.
Pois bem, na última madrugada fui a correr para os serviços de urgência com o meu rebento que ardia a quase 40 graus de febre. Para além de ter sido logo atendido e visto por uma equipa médica, ter realizado exames ao sangue e à urina, ter tomado 1 Ben-u-ron e ter usufruído do equipamento e instalações, não paguei qualquer taxa ou valor pelo serviço prestado - o que considero correcto e o ideal. Depois, com o correcto diagnóstico foi feita a respectiva prescrição medicamentosa, o que me levou a uma farmácia de serviço. Aí, fui imediatamente atendido, a partir do exterior, por uma simpática senhora que pelo aspecto eu acabara de acordar. Para além de me aviar a receita, ainda se disponibilizou para preparar a solução. Por fim, pediu-me 17 cêntimos pelo medicamento. Fiquei atrapalhado, pois não tinha 17 cêntimos para pagar e tive que utilizar o cartão multibanco. Não houve qualquer problema e assim, já com os primeiros raios de luz matinal, regressámos a casa. Aquele valor incomodou-me, pois não me parece razoável pagar 17 cêntimos ou algo parecido por qualquer medicamento. Este é o retrato das enormes desigualdades e injustiças no acesso à saúde em Portugal. Bem gostava que nem fosse preciso pagar qualquer valor por qualquer medicamento, mas inaceitável é que possa existir tamanha diferença entre os preços de medicamentos. Seria muito mais justo, socialmente, um nivelamento dos preços, que de forma generalizada baixassem os preços dos medicamentos. Disse.

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