30 setembro 2015

instante urbano xxxiii

Ao ser atendido num balcão das finanças por uma funcionária que já mais vezes me atendeu, fui surpreendido com um comentário seu relativo a uma contribuinte que esperava a sua vez para ser atendida, do outro lado do balcão. O nosso diálogo foi, mais coisa, menos coisa, nestes termos:

ELA: - Aquela senhora que está ali é muito interessante. Não acha?
EU: - Diga?!...
ELA: - Aquela senhora tem um ar muito interessante. Não concorda?
Tentando localizar essa mulher, inclino-me para a frente...
ELA: - Não dê tanto nas vistas. Olhe com mais discrição... não sabe como se faz?
Retraio-me e fico quieto...
EU: - Refere-se à senhora loira?
ELA: - Sim. Tem um ar muito fresco. Desculpe estar com esta conversa, mas caramba, temos olhos e eu até tenho quatro (óculos), portanto, só posso ver... não é?!
EU: - Pois...
ELA: - Eu já a conheço daqui. Ela costuma vir cá muitas vezes. Não sei como se chama, nem para quem trabalha... Depois até vou perguntar às minhas colegas que a atendem sempre naquele balcão...
EU: - De facto, eu acho que também já a encontrei cá mais vezes... talvez seja contabilista.
ELA: - Não. Nem tanto. Não tem ar disso. Deve vir representar empresas, talvez das caves do Vinho do Porto.
EU: - Pois, se calhar...
ELA: - Não sei. Aquele ar fresco. Diferente. Ar de sueca...

Entretanto, mudámos de assunto e ela passou a esclarecer-me sobre aquilo que eu lá tinha ido fazer.

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