Eu já cá estive há muitos anos. Algures na década de 90 do século passado e a memória que guardei deste lugar em nada se assemelha com aquilo que agora encontrei. Numa perspectiva semiótica, consigo perceber o esforço realizado para a patrimonialização e valorização do território e suas actividades económicas. No entanto, não posso deixar de partilhar a relativa desilusão face àquilo que é promovido e à imagem construída para o turismo nacional e até internacional. Óbidos, ou melhor, o seu casco histórico é um lugar bonito e bem preservado, mas a sensação com que fiquei encaixará na perfeição no velho e popular dito: "tanta parra para tão pouca uva".
---------"Viajar, ou mesmo viver, sem tirar notas é uma irresponsabilidade..." Franz Kafka (1911)--------- Ouvir, ler e escrever. Falar, contar e descrever. O prazer de viver. Assim partilho minha visão do mundo. [blogue escrito, propositadamente, sem abrigo e contra, declaradamente, o novo Acordo Ortográfico]
11 agosto 2020
10 agosto 2020
a Berlenga
Sugerido pela minha filha, no primeiro dia de Agosto viajámos até Peniche com a intenção de visitar as famosas ilhas das Berlengas. Não conseguindo escapar às lógicas e dinâmicas do turismo local, a única forma de aceder a esse território insular é a bordo numa das embarcações dedicadas a transportar turistas entre a marina de Peniche e a ilha maior - a Berlenga Grande. Depois de quase uma hora de viagem lá chegámos e desembarcámos no chamado aldeamento dos pescadores. Passeamos pelos trilhos da ilha e visitámos o forte de S. João Baptista. Regressámos para perto do porto à espera da hora de regresso ao continente. Nesse entretanto, escrevi:
Estou sentado numa pequena e única esplanada, sobranceira ao porto, no aldeamento dos pescadores. A Andreia e os miúdos foram até uma pequena enseada, encaixada entre as arribas, pois eles queriam meter-se na água, aqui limpa e transparente. Estou sentado de frente para uma íngreme arriba, no cimo da qual vejo o topo vermelho da estrutura metálica do farol da ilha. Pelas conversas que ouço à minha volta, estes negócios de transporte e acomodação de turistas são explorados por pequenas empresas familiares e todos se conhecem. O aldeamento, pelo que percebo, serve apenas de abrigo e suporte às actividades existentes - mergulho, vigilância e conservação da natureza, turismo, etc. Existe um restaurante, mas este ano está fechado e em remodelação. Neste pequeno bar, servem apenas sandes, saladas, pastelaria, gelados e, claro, bebidas. Como é já hora de almoço, chegam-me odores variados de carnes e, principalmente, peixes grelhados.
É um território inóspito e árido, sem qualquer condição para a existência ou permanência de vida humana. É uma reserva natural, santuário para aves marinhas, de beleza agreste e selvagem. Enquanto vou bebendo cerveja, imagino o que seria este lugar sem o movimento turístico e como gostaria de aqui vir passar uma temporada de isolamento ou retiro. Isto dito depois de uma fase de confinamento parece parvo, mas esta ideia de ilhéu, obrigatoriamente isolado, fascina-me. Por fim, e sem excluir algum sentimento de inveja, avisto ao largo, vários iates, veleiros e lanchas ancoradas, que estarão abrigados pelas arribas da ilha, num intervalo das suas possíveis longas viagens.
05 agosto 2020
vergonha real
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Juan Carlos, Rei Emérito de Espanha |
29 julho 2020
situação aporética
"sou filigraneiro"
Eu sou filigraneiro
percepções, narrativas e estratégias de um património em esquecimento
Palavras-chave: filigrana, património, identidade, memória, território, turismo.
o velho eléctrico
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eléctrico nº 1 |
solilóquio
25 julho 2020
a quem interessar...
21 julho 2020
a sério?!
06 julho 2020
responda quem souber
a esplanada
05 julho 2020
mediascape: o equívoco
02 julho 2020
sombras de alguém
30 junho 2020
à descoberta
28 junho 2020
matrículas e tunning
24 junho 2020
o serviço nacional de saúde
I'm your man
21 junho 2020
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18 junho 2020
mediascape: champions and ridiculous
16 junho 2020
a ironia
13 junho 2020
11 junho 2020
a História e a sua leitura
10 junho 2020
"quem não sente, não é filho de boa gente"
04 junho 2020
03 junho 2020
mediascape:racismo
01 junho 2020
resistências, inércias e receios
29 maio 2020
verdade
enclausurado L
28 maio 2020
26 maio 2020
soprar velas
enclausurado XLIX
23 maio 2020
enclausurado XLVIII
21 maio 2020
enclausurado XLVII
20 maio 2020
a causa das coisas
19 maio 2020
enclausurado XLVI
18 maio 2020
"o nosso contemporâneo"
17 maio 2020
enclausurado XLV
José Cutileiro
16 maio 2020
15 maio 2020
"marxismo cultural"
J. Rentes de Carvalho
mediascape:tragédia
14 maio 2020
enclausurado XLIV
a 13 de maio
enclausurado XLIII
12 maio 2020
mediascape:concordo
11 maio 2020
enclausurado XLII
enclausurado XLI
Fiquem em casa.
de regresso à luta...
08 maio 2020
06 maio 2020
enclausurado XL
01 maio 2020
mediascape:arquivar
economia que mata *
enclausurado XXXIX
29 abril 2020
enclausurado XXXVIII
28 abril 2020
mediascape:amianto
27 abril 2020
enclausurado XXXVII
mediascape:incontestável
26 abril 2020
os nossos pescadores
século partido
25 abril 2020
Abril, 25
23 abril 2020
keeping faith
Espero, ansioso, pela terceira temporada.
dia mundial do livro
Boas notícias que, não sendo suficientes para o sector, pelo menos serão um balão de oxigénio para este universo frequentemente desprezado pelos poderes instituídos.
21 abril 2020
20 abril 2020
enclausurado XXXVI
19 abril 2020
festival de incertezas
18 abril 2020
enclausurado XXXV
Para além do mais, a Assembleia da República não está encerrada, mantém-se em funções e ainda bem. Portanto, o dia 25 de Abril será só mais um dia do seu normal funcionamento em Estado de Emergência.